Nunca se trabalhou tanto na empresa de eventos de Meire Medeiros. São reuniões de planejamento, contato com fornecedores, locação de material e novos contratos. Segundo Meire, CEO do Grupo MM Eventos, o setor de eventos está aquecido em 2022.
“O mercado que no ano passado começou a se recuperar dos prejuízos da pandemia, este ano decolou”, afirmou.
Somente na empresa de Meire, com sede na capital paulista, a partir da segunda quinzena de março de 2021, o número de novas solicitações de eventos aumentou 213%.
O caso de Meire não é uma exceção. O que está acontecendo em sua empresa e por todo o Brasil é que os contratos estão chegando com prazos menores para o planejamento.
Por exemplo, uma convenção, que antes era organizada em 60 dias, agora deve ficar pronta em um mês. Esse fenômeno se relaciona com a demanda reprimida. Vários eventos que não aconteceram durante a pandemia, agora estão sendo realizados ao mesmo tempo.
Com o mercado aquecido, o problema tem sido encontrar profissionais para preencher as vagas que foram abertas.
A dificuldade para preencher as vagas é tanta que a empresa de Meire precisou convencer a atendente de convidados Lucilene Ferreira da Silva a retornar para o setor de eventos.
Ela estava trabalhando na área da aviação e agora retornou a exercer a função ocupou por 6 anos no atendimento a convidados, cargo que precisou ficar de lado durante o momento mais crítico da pandemia.
Assim como Lucilene, muitos outros trabalhadores também saíram da área, mas não retornaram. O setor de eventos foi um dos mais atingidos.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, o fenômeno está relacionado aos efeitos da pandemia que o setor ainda sente.
“É um efeito que, sem dúvida, impacta o nosso resultado dificulta a entrega dos eventos no padrão de qualidade que gostaríamos. Para manter o padrão de qualidade você precisa contratar eventualmente pessoas custando mais caro e isso diminui a margem dos eventos, é um impacto indireto da pandemia após retomada”, explicou.
Outro exemplo é na casa de shows onde o diretor comercial Christian Tedesco trabalha. No local, o número de eventos está até maior do que antes da pandemia.
“São pelo menos quatro por semana. Por aqui também está aberta a temporada de contratações”, relatou Tedesco. “Muito embora não tenhamos demitido na pandemia, nós já contratamos algumas posições específicas e estamos com vaga em aberto para outras posições fixas. Sem contar os eventuais os freelancers que é um volume muito grande”.
Em 2021 o o setor de eventos gerou cerca de 268 mil novas vagas de emprego. Pelo atual ritmo, a previsão é de que este ano o número seja ainda maior.
Na tentativa de reestruturar o mercado, a Abrape já fez um convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para formar novos profissionais. O fato é: hoje, oportunidades não faltam.
“Não só nós, como todos os envolvidos na cadeia, estão com oportunidades de emprego. Logo, como dissemos, quem se preparar tem oportunidade. E vamos estar tá aqui, abertos para quem quiser vir”, diz Tedesco.